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Médicos (e media) pouco profissionais

No seguimento do outro post dos lobbyists pró-obrigação do uso de capacete para todos, sempre.

«A importância do uso do capacete – Serviço de Pediatria do Hospital de S. Marcos de Braga (2006)»

Pérolas:

O uso de capacete é uma das medidas de segurança mais eficazes na prevenção de acidentes.

Ai sim? E como é que é isso? Se usar um capacete fico magicamente impedida de cair, de ser atingida por um carro ou uma mota, de atropelar um peão,…? Em termos de prevenção de acidentes o capacete é capaz de aumentar a sua frequência, até, nunca os impede!!

Estudos efectuados para avaliar a eficácia do uso de capacetes, demonstraram que, o seu uso pode prevenir cerca de 69% dos traumatismos crânio-encefálicos e 65% dos traumatismos da face.

Só se estiverem a falar de capacetes integrais!…

Outra:

«Capacete obrigatório para circular de bicicleta na via pública – Diário de Notícias (2007)»

Seja criança ou adulto; em competição ou a passeio. O Código de Estrada obriga ao uso de capacete a quem anda de bicicleta

Começa logo mal, afirmando que o capacete é obrigatório para ciclistas, quando não é!!

As novas regras de segurança – as que obrigam a proteger a cabeça e recomendam o mesmo para os joelhos e cotovelos – (…)

Mas de que raio estão eles a falar? Quais novas regras?

O capacete é frequente nas viagens de motorizada, mas a preocupação abranda com as bicicletas. Esta despreocupação não se compreende. O Código de Estrada exige capacete para circular de bicicleta pela via pública.

E eles a darem-lhe…

(…) as regras de segurança não se devem ficar apenas para quem circula na estrada. O uso do capacete deve manter-se quando se brinca de bicicleta no jardim. Até porque dizem os números que a grande maioria dos acidentes com crianças acontece em casa.

Yah, e quiçá andamos todos, crianças e adultos, 24 h / dia de capacete, luvas, cotoveleiras e joelheiras em casa ou onde quer que seja? Na banheira?

Mas que psicose, fogo!

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«Toca a pedalar»

«A bicicleta é uma alternativa viável – e não poluente – ao automóvel. Mesmo nas ruas de Lisboa, onde o trânsito e os declives acentuados parecem não assustar o crescente número de ciclistas.» Texto de Sara Raquel Silva. Fotos de Paulo Castanheira / AFFP. Revista Gingko, edição n.º 1, Março de 2008:

«Toca a pedalar» «Toca a pedalar»
«Toca a pedalar»

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A primeira vez

Nem percebi quando meu pai me soltou. Tinha acabado de erguer a segunda rodinha auxiliar da minha primeira bicicleta, mas ele disse que ficaria ali atrás me escorando. Quando olhei para trás, ele estava alguns metros longe de mim, observando contente meu sucesso sobre duas rodas. O medo inicial não me reteve por muito tempo. Logo me apaixonei por aquele ventinho no rosto e me encorajei a brincar de pedalar na rua de casa, que ainda era de terra e sem saída.

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Em São José dos Campos, minha cidade natal, a bicicleta sempre foi minha independência. Aos 12, desbravava as ruas do bairro em algazarra com a molecada da rua. Aos 16, ia com ela ao colégio. Aos 26, aprendi, com a mesma mountain bike, a me embrenhar em trilhas na mata e a chegar intacta ao trabalho de vestido (e um shortinho por baixo) e mochila nas costas. Aos 28, já freelancer em São Paulo, marcava reuniões com meu editor (um judeu nada ortodoxo de cabelo comprido) no Café Suplicy, e nós dois prendíamos nossas bikes no mesmo poste.

Difícil manter essa independência em São Paulo. Quando entrei na editora Globo, minha farra de ciclista foi interrompida. Faltou coragem para enfrentar o fumacê dos caminhões que vão para a marginal Pinheiros, o perigo na ponte, o julgamento dos colegas que vêm de carro e banho tomado. Era mais fácil gastar mais gasolina e aproveitar o estacionamento gratuito. Mesmo carregando a culpa por uma fração do aquecimento global sobre meus ombros. Até que me ofereci para participar da reportagem sobre o incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte. Depois de experimentar o bicicletário (quase vazio) da estação Pinheiros do trem metropolitano, ir de trem até Mauá para conhecer a superlotação do bicicletário de lá e entrevistar ciclistas exemplares que me deram dicas de sobrevivência nas ruas da capital, me senti na obrigação de deixar aquele “receio bobo” de lado e honrar meu título de ciclista urbana.

A dificuldade começou diante do guarda-roupa. Percebi em cima da hora que não tinha nada que servisse ao mesmo tempo para pedalar e para fazer entrevistas. Legging, regatinha colante e tênis eram perfeitos para a academia, mas não me pareceram traje adequado para a redação. O jeito foi carregar um pouco de peso nas costas. A roupa adequada (e a sandália) para o trabalho eu botei na mochila, de um jeito que não amassasse muito, junto com um frasco de loção de limpeza para o rosto, um pedaço de algodão, uma toalha pequena e o desodorante. Vesti uma bermuda informal com strech, uma blusinha de verão e uma sandália esportiva – melhor que o tênis com meia num dia quente. Peguei capacete e luvas, equipei a bike com lanterna dianteira e pisca-pisca traseiro, enchi a caramanhola de água e saí, torcendo para não chover.

Levei quarenta minutos, um pouco mais do que costumo levar de carro. (É que eu tenho o privilégio de morar razoavelmente perto da editora e pegar um dos caminhos mais agradáveis da cidade – sem contar, é claro, a ponte e a parte dos caminhões.) No portão, uma funcionária me pediu para passar pela entrada de pedestres. Por quê, perguntei, se ali há um degrau e já estou na entrada dos carros? Veio outro funcionário desfazer o mal entendido. “Ela achou que você fosse visitante. É que você é a primeira funcionária a vir de bicicleta.” Então onde estaciono?, eu quis saber. O moço me apontou a área em que ficam as motos. Já adivinhando a frustração, fui examinar o local. Bingo! Não havia um só lugar em todo o estacionamento que tivesse ao mesmo tempo um poste estreito o suficiente para minha tranca, teto contra chuva e ausência de pombos – se eles melecam os carros, imagina as bicicletas! Voltei à guarita disposta a ouvir outra sugestão. Quem sabe lá no fundo, perto do restaurante? Encontrei um tubo qualquer preso à parede, talvez fosse uma calha, e foi ali mesmo que escondi minha magrela. Não sem medo de que gatunos a pilhassem, num cantinho tão sem vigilância.

Antes de encarar os colegas, banheiro. Vestiário aqui não temos. Um pouco constrangedor me despir ali onde a qualquer momento poderia entrar alguém, mas era o jeito. Felizmente não suei muito, já que não houve subidas no percurso e a velocidade foi moderada. Então um banho de gato na pia e a troca de roupa foram o bastante para que eu chegasse confortável e agradável ao fim do dia. Na hora de ir embora, chuviscava fininho e o chão estava molhado. Mas dizem que quem vai para casa não toma chuva. Posso dizer que foi meu passeio solitário mais divertido do mês de novembro. Na ponte do Jaguaré, fiquei na parte reservada aos pedestres, e eles me deram passagem espontaneamente. Entre o Parque Villa Lobos e a Praça Pan-americana, cantarolei sozinha, sem precisar do rádio, que sempre me balança no carro. Na Teodoro Sampaio, rua mais comercial de Pinheiros, parei para ver uma promoção na Casas Bahia e, metros à frente, parei de novo para conversar com um vizinho que estava a pé. E me lembrei por que é que o dia em que a gente aprendeu a andar de bicicleta marca tanto. É porque parece que a gente de repente pode ir a qualquer lugar.

Fonte: Revista Época

Outro testemunho aqui.

[Via]
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Wheels & Heels

Na onda do Pret-a-Rouler (espreitar algumas fotos aqui), já aqui falado, surgiu uma nova iniciativa com mais ou menos os mesmos objectivos, o Wheels & Heels.

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O evento fez parte da Semana da Moda de Londres, e foi organizado por duas Câmaras Municipais Juntas de Freguesia. Uma rua foi transformada em passerelle, e as boutiques em redor ficaram abertas até mais tarde, integrando o evento.

A festa aconteceu na noite de dia de S. Valentim. 🙂

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Foto: Rob Lampard (fonte)

O objectivo foi o de servir de montra a alguns dos designers locais e mostrar – especialmente às mulheres – que a opção pelo uso da bicicleta no dia-a-dia não tem que significar um sacrifício do guarda-roupa e uma dieta à base de licra. Pesquisas indicam que as mulheres de todas as idades usam menos a bicicleta do que os homens, sendo a diferença mais acentuada na faixa dos 17-20 anos, sendo por isso importante mostrar alternativas de vestuário que se coadunem com os gostos e prioridades das mulheres e que as atraiam para a bicicleta.

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Foto: Roxy Erickson (mais aqui)

Pessoalmente, gostei mais das propostas do Pret-a-Rouler do que deste (a avaliar pelas fotos a que tive acesso), mas todas as inicitivas são bem-vindas! 😉

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Passeio-manif: agora é que é

Bom, o passeio-manif inicialmente previsto para 20 de Janeiro e que não chegou a ser confirmado, está marcado para este domingo, dia 17 de Fevereiro, pelas 11h30, no Terreiro do Paço, em Lisboa (está anunciado pela Câmara Municipal e tudo).

Percurso:

Inicio 11h30 no Terreiro do Paço
Av. Infante D. Henrique
Rua Cintura do Porto
Alameda dos Oceanos
Retorno
Alameda dos Oceanos
Rua Cintura do Porto
Av. Infante D. Henrique
Terreiro do Paço
Rossio
Restauradores
Av. Da Liberdade
Marquês de Pombal
Av. Fontes Pereira de Melo
Saldanha
Av. Fontes Pereira de Melo
Marquês de Pombal
Av. Da Liberdade
Rossio
Terreiro do Paço onde termina a iniciativa

Distância aproximada de 20 Km – duração aproximada de 1h/1h30 a velocidade média estimada dos participantes 15-20 km/h
Nota: esta velocidade é muito baixa em bicicleta e visa permitir o acompanhamento de todos os interessados na iniciativa nas diversas faixas etárias.

Ainda não sei se vamos conseguir ir, mas vamos tentar! Divulguem e participem. 🙂