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Como poupar dinheiro no carro

«As despesas associadas ao automóvel representam cerca de 18% do orçamento das famílias, em Portugal», segundo esta fonte. E isto será apenas as despesas associadas ao uso, as despesas com prestações da aquisição devem representar outro tanto… Duvida? Faça as contas:

  • Prestações mensais da aquisição
  • Seguros
  • Imposto Único de Circulação
  • Inspecções Periódicas Obrigatórias
  • Combustível
  • Manutenção & reparações
  • Estacionamento (parquímetros, aluguer de garagem ou avença)
  • Portagens
  • Amortização*

* Os automóveis desvalorizam com o tempo. Esta fonte, por exemplo, refere uma desvalorização média de 12 % ao ano. Isto significa que ao fim de 8 anos ninguém lhe dá nada pelo seu carro velho, pelo que ao longo desses 8 anos tem que poupar ou ganhar dinheiro suficiente para, no final, comprar um novo, substituindo assim o bem. Essa poupança mensal necessária virtualmente é um custo escondido da posse de automóvel mas que tem que ser contabilizado.

Esta simulação, por exemplo, deu um valor de 7.900 € de gastos anuais com 1 automóvel. Claro que isto há-de variar muito de carro para carro e de pessoa para pessoa, mas dá uma referência. O Bruno Antunes fez as contas ao seu caso e poupa 230 € por mês, e até fez um simulador para outros fazerem as suas contas. E neste artigo descobriram que a despesa com o carro iguala a despesa com a casa nos primeiros 10 anos do carro!

Uma forma simples de estimar o custo do uso de automóvel próprio é utilizar o valor pago pelo Estado aos seus funcionários em subsídio de viagem quando estes usam o carro particular: 0.40 € / Km. Claro que este será um valor “por baixo” (o Estado, que paga, é que define as regras), e que não incorporará todos os custos da lista anterior (nomeadamente portagens e parquímetros, por exemplo). Para se aproximar mais da realidade, use 0.45 € / Km e adicione depois portagens e parquímetros.

Como poupar dinheiro no carro?

Tem duas hipóteses:

  1. Venda-o (se houver mais que 1 carro no seu agregado familiar, pelo menos venda os outros)
  2. Use-o menos. Use-o melhor.

Mas que alternativas há?

Se o carro é a sua primeira ou única escolha para todas as suas deslocações, independentemente da distância, do propósito, e do contexto, está a fazer uma utilização pouco criteriosa dos seus recursos. É um utilizador monomodal (recorre apenas a 1 forma de transporte), pelo que as ineficiências serão muitas. Torne-se multimodal, e intermodal.

Intermodalidade: conjugar diferentes meios de transporte numa mesma viagem. Exemplo, em vez de ir de carro de Porto Salvo (Oeiras) à Baixa de Lisboa:

  • vou de bicicleta até Paço de Arcos, prendo-a no parque para bicicletas da estação, e vou de comboio até ao Cais do Sodré, e depois vou a pé até ao destino

Multimodalidade: seleccionar um meio de transporte diferente para cada tipo de viagem, consoante as variáveis da mesma. Exemplos:

  • para ir ao supermercado comprar pão e fruta, vou a pé (se necessário levo um trolley de compras);
  • para ir para o trabalho todos os dias vou de autocarro
  • para ir com o meu filho ao parque, vou de bicicleta
  • para ir à terra dos meus pais, na província, com a família, vou de carro
  • para ir ter com alguém ao centro da cidade, vou de scooter

Deixe de comer bife com batatas fritas a todas as refeições, todos os dias. O menu da mobilidade é muito mais alargado:

  • andar a pé
  • andar a pé com acessórios (trolley, patinete, patins,…)
  • bicicleta (normal, dobrável, eléctrica, triciclo, com reboque, de carga, etc)
  • transporte público colectivo (autocarro, metro, comboio, barco, ferry, eléctrico)
  • transporte público individual (táxi, carsharing, bikesharing)
  • ciclomotor (scooters, por exemplo)
  • motociclo
  • automóvel (particular, em regime de carsharing, em regime de carpooling, alugado)

e ainda:

  • mobilidade delegada: entregas ao domicílio, por exemplo
  • mobilidade evitada: teletrabalho, videoconferência, videochamada, etc

Uma dieta saudável e sustentável inclui uma mistura criteriosa destes elementos, consoante as nossas necessidades diárias, sendo que o andar a pé deverá fazer parte, pelo menos parcialmente, de todas as nossas deslocações quotidianas por questões de saúde, bem-estar, socialização e cidadania.

Tudo ao contrário Carrinho cheio para reabastecer a despensa

A seguir, a bicicleta é a ferramenta mais polivalente e flexível, ao permitir a co-modalidade (transportá-la connosco dentro de outro meio de transporte), e ao expandir o alcance e a eficiência da rede de transporte público colectivo conjugando-o com um meio de transporte particular, de rota e horário livres, que faz a ligação do interface de transporte público ao nosso destino final, de forma prática, fiável, eficiente.

Regresso de comboio

Quando e como poderá introduzir a bicicleta nos cenários de intermodalidade e de multimodalidade anteriormente exemplificados, depende de vários factores: onde vive, para onde vai, o que precisa de transportar, quanto tempo tem, quantas voltas precisa de fazer, etc, etc, etc. A bicicleta, tal como o carro, não é a melhor opção para toda e qualquer deslocação. Da mesma forma que dificilmente faz sentido pegar no carro para ir comprar pão ao café a 200 metros, não fará, normalmente, muito sentido pegar na bicicleta para transportar um sofá de três lugares para a outra ponta da cidade.

Os super-poderes da bicicleta

A pedelec (também conhecida por “bicicleta eléctrica”, e-bike ou “bicicleta com assistência eléctrica”)

Kalkhoff Agattu C7 c/ Clarijs

Um exemplo prático. Viagem suburbana Casal da Choca, Porto Salvo (Oeiras) – Jardim da Estrela, Lisboa. Primeira sugestão do Google Maps (carro):


View Larger Map

Porta-a-porta, se eu tivesse garagem em casa ou o carro estacionado gratuitamente à porta, seriam 20 minutos de viagem (17 Km), por cerca de 8 €. Mas isto não é assim para a maioria das pessoas da zona, pelo que de certeza que teria que caminhar entre 5 e 15 min para chegar ao carro. E se o tiver numa garagem, com avença, bom, o custo também não se fica nos 8 €. Além disso, esses 20 minutos é se não houver congestionamentos nenhuns, claro, o que não é, de todo, a regra dentro da cidade… Assim, uma estimativa média mais realista, embora optimista, seriam 40 min por 8 €.

Ajustando o percurso para um não interdito a bicicletas (e sem portagem):


Ver mapa maior

Este mesmo percurso alternativo, em bicicleta (que tem acessíveis alguns atalhos que o carro não tem), fica em 18 Km. Numa pedelec faz-se bem em cerca de 40-55 min, e este tempo é muito pouco afectado pelos congestionamentos, pelo que é um valor fiável. E por um custo inferior a 1 €! Mesmo nas poucas vezes em que conseguimos ter o carro à porta de casa e não sofrermos atrasos com os congestionamentos, optar pela bicicleta permite-nos poupar mais de 7 € por viagem, e por um custo de apenas 20 minutos conseguimos ganhar 40 minutos de exercício físico ligeiro gratuito.

(Neste mesmo percurso, mas de carro, porta-a-porta, se eu tivesse garagem em casa ou o carro estacionado gratuitamente à porta, e sem congestionamentos, seriam 39 minutos de viagem, por cerca de 8.50 €.)

E se por alguma razão der jeito, pode sempre pôr a bicicleta no comboio, algo que não pode fazer com uma scooter, por exemplo.

Pedelecs no comboio

Ah, e ter que levar uma criança entre os 9 meses e os 10 anos de idade para a deixar na escola a caminho, antes de seguir para o trabalho, também não é um impeditivo, basta instalar uma cadeirinha (até duas, uma atrás e outra à frente, fáceis de tirar e deixar na escola, por exemplo):

Kalkhoff Agattu C7 c/ Bobike Maxi+

A bicicleta pedelec tem ainda uma vantagem significativa para quem, como eu, não tem necessidades regulares/fixas, diárias, de transporte [em bicicleta]. Uma pessoa que tenha a oportunidade de usar a bicicleta diariamente, em deslocações pendulares (ou seja, pelo menos 2 viagens / dia), rapidamente ganha um nível de forma física adequado ao percurso que faz habitualmente. Isto é, ao fim de um tempo, fá-lo rapidamente, sem exerção física excessiva e sem transpirar demasiado. Uma pessoa que faça o mesmo (ou outro) percurso com pouca regularidade (tipo 1, 2 ou 3 vezes por semana), não consegue uma adaptação tão eficiente. Nesse caso, uma bicicleta com assistência eléctrica permite-nos não nos desmotivarmos em sair de bicicleta por causa dessa falta de regularidade, mesmo quando o percurso é mais exigente (subidas, trânsito) e/ou longo.

 

A bicicleta dobrável (também conhecida por bicicleta “desdobrável”, “articulada”, “portátil”, e até “desmontável”)

Uma bicicleta articulada, que se pode dobrar de forma a ser transportada como qualquer outra bagagem de mão, permite-lhe tirar maior fiabilidade e eficiência do transporte público.

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É mais rápido chegar à paragem ou à estação a pedalar do que a pé (e muitas vezes é mais rápido, e barato, do que ir até lá de carro, se contabilizarmos o tempo e o custo do estacionamento). A bicicleta pode carregar a nossa bagagem, aliviando as nossas costas.

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Quando o transporte público se atrasa ou falha, temos sempre à mão um meio de transporte alternativo, pessoal, capaz. Dobrada, a bicicleta é bagagem, e pode ser levada em todos os transportes públicos sem restrições de horários ou taxas adicionais.

Lugar isolado: perfeito para ciclistas! Escadas rolantes no Metro Lx

Birdy on the boat Mobiky no Metro Lx IMGP7434.JPG

Temos, assim, sempre à mão uma forma autónoma de ligar o ponto A, de partida, ao primeiro interface de TP, transportando depois a bicicleta connosco no comboio/autocarro/barco/etc, e voltar a poder depender dela para a ligação entre o último interface e o nosso ponto de chegada B.

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As bicicletas dobráveis funcionam bem também com o automóvel. Quando se dirige ao centro da cidade vindo de longe, pode usar o carro para chegar à periferia da cidade, estacioná-lo onde é rápido encontrar lugar livre, e onde este é grátis ou mais barato, sacar da bicicleta do porta-bagagem, e continuar a viagem até ao centro a pedalar, sem preocupações com o trânsito ou com o estacionamento. Um caminho que leva 20 minutos para fazer a pé (ou 20 ou 30 para fazer de carro, contando com o estacionamento), faz-se em menos de 5 minutos de bicicleta, porta[do carro]-a-porta.

Christmas red

De notar ainda que hoje em dia existem bicicletas dobráveis pedelec, juntando o melhor de dois mundos. A falta de espaço de parqueamento em casa ou no trabalho, a orografia, ou a distância, deixam de ser impeditivos reais do uso da bicicleta.

A bicicleta de cauda longa (também conhecida por bicicleta “longtail“, ou bicicleta de carga)

Quando se usa o carro para levar crianças à escola ou simplesmente para as levar a passear ou a outras actividades, arranjar uma alternativa ao carro pode passar por uma longtail.

Uma bicicleta longtail é uma bicicleta com uma traseira alongada (cerca de 40 cm), com uma estabilidade e capacidade de carga expandidas, tornando fácil transportar passageiros, adultos e crianças, e carga volumosa e/ou pesada.

Algo que não se vê todos os dias

Estas bicicletas têm “um porta-bagagem e um banco de passageiros” tal como está habituado no carro. Uma ida ao supermercado com duas crianças não é problema.

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Cruising with kids at Yuba HQ

Café Vélo by Cenas a Pedal (12/12/09)

Dar boleia a um amigo também é banal.

Os instrutores!

Transportar 2 crianças atrás e 1 criança à frente também se faz.

Sunday Parkways 09 -50

É sempre possível transportar os filhos depois de eles já não caberem nas cadeirinhas.

Diane Jacobs' Big Dummy

Carga de todas as formas, pesos e feitios também se acomodam bem numa “cauda longa”.

E-Big Dummy at work

All loaded up and ready to roll!

Tralhas arrumadas, é hora de regressar a casa

Uma bicicleta destas substitui facilmente o carro em muitas das deslocações urbanas, com grandes benefícios (combate o sedentarismo, poupa dinheiro, por vezes até poupa tempo, é mais divertido e mais convivial). Se tiver assistência eléctrica, então, torna-se ainda mais versátil e competitiva.

Bicicletas “normais (também conhecidas por “biclas”, “binas”, “gingas”, etc)

Os 3 tipos de bicicleta anteriores são as principais apostas a nível de susbtitutos capazes e versáteis para o 2º (ou mesmo para o 1º) automóvel do seu agregado familiar. Mas há mais opções. Há as bicicletas “normais”. Umas mais equipadas e encorpadas que outras, consoante as necessidades e as preferências pessoais. Ter uma bicicleta leve e rápida dá jeito em algumas situações. O que perde em capacidade de carga e em conforto ganha em velocidade e leveza (bom para acartá-la por escadas, etc).

Mãe & filho na bicicleta & cadeirinha novas

Fixie

Mas como?

Se vender o 2º carro familiar facilmente recupera dinheiro para investir na diversificação da frota ao dispôr do seu agregado, e continua a ter 1 automóvel para as situações que o exijam. Também se pode desfazer do único carro do agregado e recorrer a um serviço de carsharing quando precisar de um carro. Alugar um ou recorrer ao táxi são outras opções. Quando não se tem encargos fixos com um carro, sobra mais dinheiro para estas coisas.

Exemplo daquilo em que pode converter o (1º ou pelo menos os) 2º e 3º automóveis:

  • 1 scooter (desde 1.500 € – 2.000 €)
  • 1 bicicleta citadina simples e light – desde 500 €
  • 1 bicicleta dobrável (rodas pequenas, compacta, elevada portabilidade) – desde 800 €
  • 1 bicicleta pedelec (com motor de assistência eléctrico) – desde 2.000 €
  • 1 bicicleta de cauda longa (pedelec ou não) – desde 1.000 €

E estes são valores para opções de qualidade bem razoável. As opções mais low cost, quando existem, permitem um investimento inicial inferior, mas normalmente implicam custos acrescidos a médio prazo em tudo o que não seja um tipo de utilização ocasional e/ou cedências na performance, no conforto, etc.

O caminho para a libertação das famílias endividadas (ou o caminho para aquelas que querem ter mais dinheiro disponível para coisas interessantes) passa por uma racionalização do recurso ao automóvel particular. Nesse caminho, a bicicleta é a ferramenta mais eficaz. Quantas medidas de redução de custos conhece que lhe ofereçam tantos ganhos indirectos (saúde, bem-estar, prazer, poupança, melhor ambiente, convívio e socialização)? 😉

Para o ajudar na sua transição:

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Um cego a andar de bicicleta

Esta cena da ecolocação é fantástica. Mas confesso que fiquei ainda mais surpreendida quando vi que o protagonista deste vídeo, que ficou cego aos 13 meses de idade, consegue andar de bicicleta. Como será que ele aprendeu? 🙂

Se ele consegue, quem não é cego não tem desculpas. 🙂

Próximos cursos abertos ABC da Bicicleta:

  • 26 e 27 de Novembro, e 3 de Dezembro, 10h-12h
  • 10 e 11 de Dezembro, 13h30-16h30 (intensivo!)
  • 10, 11 e 17 de Dezembro, 10h-12h

Não deixe para 2012 o que pode fazer em 2011! 😉

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A bicicleta como opção de transporte no Parque das Nações

O Parque das Nações precisa de mais e melhores parques de estacionamento para bicicletas, melhor piso, e uma maior e mais forte restrição à circulação automóvel, para fomentar o uso da bicicleta como alternativa de mobilidade. E depois, umas campanhas pró-bicicleta por parte dos comerciantes, escolas e outras entidades públicas…

Entrevista

Mobilidade Suave

Bruno-Anes

Entrevista a Bruno Anes na edição n.º61 do jornal Notícias do Parque

De que forma usas a bicicleta, aqui no PN?
Moro na zona Sul, trabalho da parte da manhã no Campus da Justiça e da parte da tarde no meu escritório junto ao Casino de Lisboa, a minha filha com 3 anos frequenta o Colégio do Parque. Isto faz com que possa deslocar-me quase exclusivamente de bicicleta durante vários dias, sem ter de utilizar o carro. Saio de manhã de casa, deixo a minha filha no colégio e sigo para o Campus da Justiça. À hora de almoço venho para o escritório e ao fim da tarde sigo para casa, passando (dependendo do dias) pelo colégio para buscar a minha filha. Alguns dias da semana, à hora de almoço, ainda aproveito para ir nadar à piscina municipal de Moscavide e também vou de bicicleta. Ocasionalmente, aos fins de semana, saio de bicicleta para ir ao Vasco da Gama ou passear aos jardins da zona Norte.

O que mudou, na tua vida, o facto de usares esta forma de mobilidade suave?
Ando menos de carro, logo gasto menos dinheiro em combustível. Faço exercício físico, desfruto do ar livre e não tenho problemas nem encargos de estacionamento. Por outro lado, há pouco tempo precisei do carro para ir a Lisboa e estava sem bateria… Não são só vantagens! Neste momento decidi vender o meu carro e passaremos a ter apenas um carro em casa para as deslocações necessárias.

Tens alguma sugestão para que se facilite e se fomente o uso da bicicleta?
Acho que o PN tem condições excelentes para o uso da bicicleta, no entanto há sempre melhorias que se podem fazer. Para começar, a Alameda dos Oceanos e outros troços deveriam ter uma via exclusiva para bicicletas com um pavimento adequado, já que a calçada grossa existente é muito desencorajadora para quem pensa em usar a bicicleta diariamente. Por outro lado há a questão da segurança. São frequentes os roubos de peças ou de bicicletas quando estas estão parqueadas, principalmente nas imediações do Centro Vasco da Gama. É um problema que não será simples de resolver, mas que penso que faria diferença caso se melhorasse. Talvez se pudessem instalar as zonas de parqueamento junto de locais já vigiados pela polícia.

Em relação à nossa rede de transportes públicos, que comentários tens a fazer?
Não tenho opinião formada, porque não utilizo muito. Por vezes utilizo o metro e penso que poderia haver mais uma ou duas estações como, por exemplo, expo-sul e expo-norte, seria ideal!

Sentes um aumento da utilização da bicicleta?
Não sinto. Nota-se uma grande utilização recreativa de residentes no Parque das Nações e não só. Especialmente ao fim de semana muitas pessoas trazem a bicicleta de carro até ao PN e utilizam-na para passear. Mas numa utilização de deslocação principal diária não noto, talvez porque a maioria das pessoas não more e trabalhe no PN e a distância para Lisboa ou outra zonas seja demasiado grande para se fazer de bicicleta.

Para terminar, o que foi que te fez começar a usar a bicicleta?
Penso que é algo que quase todos gostariam de poder fazer, já que traz muitas vantagens. Tinha já uma experiência de viver na Holanda onde as condições são muito propícias ao uso da bicicleta e talvez isso tenha facilitado, mas no meu caso foi especialmente o facto de ter estabelecido o meu escritório perto de casa. Mesmo quando não trabalhava a tempo inteiro no PN, usava a bicicleta até à estação do Oriente e apanhava o comboio para Lisboa. A partir do momento em que passei a trabalhar a tempo inteiro, no PN, foi uma questão funcional.

Entrevista

Bem-estar e felicidade

gperes

Entrevista a Gonçalo Peres publicada na última edição do Notícias do Parque

Usas bicicleta porque trabalhas perto de casa ou trabalhas perto de casa para poderes usar a bicicleta?

Por acaso a opção da bicicleta surgiu com o nascimento do meu filho, há 3 anos. Como fazer para o ir buscar / levar ao berçário? Só temos um carro, que a minha mulher utiliza em deslocações para fora de Lisboa, e levá-lo à pendura na scooter estava fora de questão (pelo menos até aos 7 anos). O percurso também é demasiado longo para ir a pé (5 km, ida e volta). Lembrei-me da minha visita a Copenhaga, onde as bicicletas abundam e é banal ver as mães e pais transportarem os filhos de bicicleta. Uma imagem tão bonita, quanto racional. Estava tomada a decisão. E nem imaginas o prazer que é (para mim e para ele) fazer o percurso até à escola: não gasto um tostão de gasolina, não poluo nem congestiono, queimo umas calorias pelo caminho e ainda desfruto duma vista privilegiada.
O facto de ter o meu negócio – a Cineteka – ao pé de casa, também contribuiu para eleger a bicicleta como o meio de transporte principal para deslocações nas imediações do Parque das Nações (PN).

Que opinião tens sobre a forma como os portugueses se deslocam e porquê?

A minha opinião é que uma percentagem demasiado elevada dos portugueses é comodista, vaidosa e facilmente influenciável pelas “modas”. Ter um carro é uma espécie de objectivo de vida dum jovem português de 18 anos, uma manifestação de independência, uma forma de se sentirem seguros… Por comparação, um jovem dum país nórdico ambiciona viajar pelo mundo. É mais barato, não fica agarrado a seguros, imposto de circulação e revisões anuais, prestações mensais e a preços de combustível galopantes.

Como achas que se deviam deslocar?

Em locais planos e trajectos curtos, como é o caso do bairro do PN, a bicicleta é sem dúvida a melhor opção.
Para trajectos mais longos, a escolha deveria recair primeiro na rede de transportes públicos e depois na opção scooter/pequeno motociclo. Como sabem, há poucos anos passou a ser possível conduzir motociclos até 125cc com a carta de carro. Esta opção traz inúmeras vantagens: uma scooter é muito mais barata que qualquer automóvel, não só no custo de aquisição, como na manutenção, seguros, isenção de imposto de selo, além de que consome e polui muito menos e estaciona-se em qualquer lugar, ocupando muito menos espaço. Infelizmente a moda ainda não pegou e continuo a ver mesmo muito poucas scooters quando comparado com uma qualquer Sevilha, Barcelona, Madrid, Paris, Roma, etc… E pergunto-me como é possível que as pessoas continuem a não encarar seriamente esta opção, preferindo agonizar em filas intermináveis de pára/arranca e depois na caça ao lugar de estacionamento perto do trabalho/universidade? Utilizo a scooter como meio de transporte há mais de 20 anos e só vejo vantagens.
O carro deveria ser a última opção e justificada por uma necessidade palpável. Só deveríamos usar o carro quando somos mais de dois passageiros, ou caso tenhamos que transportar alguma coisa, ou quando não existem alternativas (bicicleta, transportes públicos, scooter).
Tenho a certeza de que 20% das pessoas que usam o carro no dia-a-dia, podiam fazer o “switch”. E 20% menos de carros a circular faz toda a diferença a vários níveis.

Como é que a tua forma de mobilidade mudou o teu dia-a-dia? Que mudanças trouxe para ti e para a tua vida?

Por um lado trouxe uma enorme poupança no orçamento mensal. Agora olho para trás e penso na estupidez que seria sustentar dois carros. Usar a bicicleta dá-me uma sensação de bem-estar e felicidade. Já somos tão poluidores com o nosso estilo de vida ocidental (Já pensaste na quantidade de lixo que produzimos por dia, apenas com a nossa higiene e alimentação?), que pelo menos é uma forma de nos sentirmos mais em harmonia com o mundo. Também me faz sentir mais integrado com o nosso bairro, pois os extremos norte e sul, do PN, ficam mais próximos, percorremos percursos mais interessantes, junto ao rio por exemplo, e podemos cumprimentar um vizinho pelo caminho. De carro seria mais difícil….

Uma das razões que levou ao urban sprawl foi precisamente o aumento da capacidade financeira dos agregados familiares portugueses (nomeadamente na mulher) possibilitando o aumento do parque automóvel permitindo a deslocação da periferia para a cidade. Achas que a actual situação económica vai alterar o estigma de sermos um dos países com maior parque automóvel por agregado familiar? Achas que o carro vai deixar de ser tão prioritário?

Para bem de todos nós e da felicidade das pessoas que conseguirem fazer o “desmame” do carro, eu espero que sim. Gostava que cada vez mais pessoas percebessem que sustentar o seu carrinho que as transporta todos os dias sozinhas pela cidade, não lhes traz felicidade, nem independência nem segurança. Traz sim mais poluição, despesas, stresse e preocupações. Libertem-se! Tomem decisões mais racionais e sejam mais felizes. Nos países pobres as pessoas andam de transportes públicos, bicicleta e motociclo porque não podem sustentar um carro. Nos países desenvolvidos as pessoas também andam de transportes públicos, bicicleta e motociclo porque é mais racional e sustentável. Em Portugal as pessoas amam os seus carros… porque será? Não sei se vai ser fácil mudar esta dependência do automóvel. Há mais de 2 anos que vou regularmente buscar ou levar o meu filho à escola de bicicleta. Achei que vendo o exemplo, outros seguiriam os meus passos, ou as minhas pedaladas. Infelizmente continuo a ser o único. Apesar de ser uma IPSS, o que não faltam são bons carros à porta… a contrastar com a minha “pasteleira” que custou 200 euros.

De que forma achas que se conseguiria ter uma mobilidade mais sustentável?

Sensibilizando as pessoas para que o carro só deve ser usado em caso de necessidade. Mostrando o exemplo das outras cidades europeias. Incentivando e desmistificando a imagem que os jovens e uma boa parte da população têm dos transportes públicos. Ainda este Domingo, estava só com o meu filho e aproveitei para irmos até à praia. Como éramos só os dois, optei por irmos de transportes públicos. Apanhámos o autocarro 28 até ao Cais do Sodré e aí o comboio até ao Estoril. A viagem correu na perfeição, cumprindo eficazmente o objectivo de nos levar ao nosso destino, e foi bem mais divertido, ecológico e económico do que ir de “enlatado”.
No caso concreto do PN, acho que uma campanha de “outdoors” e até um concurso promovido pelo “Notícias do Parque” e nas redes sociais da AMCPN e da Parque Expo, que promovesse o uso continuado da bicicleta no dia-a-dia, porque não?

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Um triciclo para quem mal consegue caminhar

A bicicleta é um intrumento de liberdade fantástico. 🙂

Por isto é que a indústria da “segurança rodoviária” não se deve preocupar tanto em proteger os “utilizadores vulneráveis”, mas sim em controlar os “utilizadores ameaçadores” ou os “utilizadores perigosos”, o ónus do cuidado e da responsabilidade deve recair primariamente sobre quem detém o poder mais letal. A mãe do Terry pode andar pela rua, e tem o direito de o fazer em paz e em segurança.

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Documentário sobre a revolução americana das bicicletas de carga

A Cenas a Pedal serve para isto. 🙂 A velorution também se fará !

Bicicletas de cauda longa, bicicletas de caixa aberta, Long Jonhs, triciclos, pedelecs (bicicletas com assistência eléctrica), cadeirinhas, reboques, tandems, trail-a-bikes, etc. Falem connosco! Há-de haver uma solução para que consiga passar menos tempo dentro do carro e mais tempo na bicicleta, ao ar livre, com os seus filhos. 🙂 ou 913475864.