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Projecto-piloto “Marginal Ciclável” condenado a morrer na praia

«A Câmara de Cascais vai repetir em Setembro a iniciativa “Marginal Ciclável” para testar a hipótese de se institucionalizar o uso de bicicleta na Avenida Marginal, mas a empresa Estradas de Portugal só autorizará estas acções pontualmente.

(…)

O presidente da Câmara de Cascais, António Capucho, disse à agência Lusa que a próxima iniciativa “Marginal Ciclável” vai ocorrer no segundo semestre de Setembro, mas só no domingo de manhã dado que ficou provado que ao sábado existe muito trânsito, dificultando a entrada na vila.

Apesar dos objectivos da Câmara, a Estradas de Portugal (EP) entende que actividades que visem a adjudicação de uma via da marginal a bicicletas em determinados períodos “só poderão ser considerados como eventos pontuais”.

António Capucho adiantou ainda que para a realização da próxima iniciativa será necessária nova autorização da EP, que tem a jurisdição da marginal (EN6) entre Carcavelos e S. João do Estoril, sendo o restante troço até Cascais da responsabilidade da autarquia.

A EP esclarece que a Avenida Marginal “apresenta fortes volumes de tráfego e desempenha uma função importante na mobilidade das populações dos concelhos de Oeiras e Cascais”.

Justifica também que a via em causa não pode “integrar a rede ciclável do concelho de cascais pela falta de alternativas ao tráfego em geral e pelos riscos que tal acarreta”.

“A coexistência de tráfegos motorizados com velocípedes, em vias que asseguram ligações de média distancia, constitui um risco elevado, sobretudo quando a actividade se torna rotineira”, refere a EP, considerando apenas como possíveis “eventos pontuais” e devidamente acompanhados em relação à sua segurança.

Sobre a possibilidade de construir uma ciclovia na marginal, António Capucho explicou que “não é possível”, porque “não há espaço”.

A marginal “é uma das estradas mais congestionada do país e as vias do interior do concelho não são satisfatórias”, adiantou António Capucho.

O presidente da autarquia adiantou que, na hipótese de se institucionalizar o uso de bicicletas na marginal em determinado horário, tal não seria aplicado nos meses de Julho, Agosto e primeira quinzena de Setembro.

António Capucho disse também que mantém a posição de proibir as bicicletas no passeio marítimo, que une S. João do Estoril e Cascais, também por falta de espaço.

O autarca recorda que o passeio marítimo tem várias áreas concessionadas que causam estrangulamento do paredão, impossibilitando a utilização de bicicletas, e que já tem havido “acidentes graves” com peões.»

Fonte: Alvor de Sintra

“Não há espaço”? “Via mais congestionada”? “Bicicletas não”? Será que mais ninguém vê a ironia disto?…

Por Ana Pereira

Instrutora de condução, formadora em segurança rodoviária, e consultora em mobilidade & transporte em bicicleta. Bicycle Mayor of Lisbon 2019-2020.

2 comentários a “Projecto-piloto “Marginal Ciclável” condenado a morrer na praia”

Ironia? Então nunca reparaste que uma bicicleta ocupa o espaço de 10 automóveis? Nunca reparaste que 100 bicicletas demoram mais tempo a fazer um percurso por uma estrada limitada do que 100 automóveis?
😛

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