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Mobilidades palpáveis e cicláveis

Quem terá sido o primeiro tipo a usar o termo “mobilidade ciclável“?…

É que “ciclável” não parece existir nos nossos dicionários, o que em si não é grave, as palavras nascem e morrem, como as pessoas. Contudo, esta palavra especificamente tem sido usada de uma forma algo absurda. Eu entendo “ciclável” como algo por onde se pode “ciclar”, andar de bicicleta (ou triciclo, whatever). Por isso me chateia ver toda a gente a falar de “vias cicláveis“, a reivindicar “vias cicláveis”, blá, blá, blá. Como se as nossas faixas de rodagem normais nas nossas vias públicas não fossem na generalidade perfeitamente “cicláveis”. Como se não houvesse vias para circular de bicicleta, como se fosse impossível ou hercúleo usar as vias que já temos e que servem todos os veículos que precisem de se deslocar de A para B, e como se as bicicletas não fossem legalmente reconhecidas como veículos…

E depois há “a mobilidade ciclável”, que para mim é um fenómeno estranho. É como a “mobilidade caminhável”, ou a “mobilidade voável”, ou a “mobilidade rodável”, “automovelizável”, eu sei lá. É como se houvesse uma mobilidade “palpável” que pudessemos percorrer de bicicleta. 😛 Que mal teria usar “mobilidade em bicicleta”, por exemplo? Será que é só a mim que isto faz confusão?…

Por Ana Pereira

Instrutora de condução, formadora em segurança rodoviária, e consultora em mobilidade & transporte em bicicleta. Bicycle Mayor of Lisbon 2019-2020.

2 comentários a “Mobilidades palpáveis e cicláveis”

Post extraordinário…a provar que a raíz do problema é bem mais profunda do que aparenta. E o pior é lutar por algo único, segregado, custoso de construir e manter, em vez de lutar pelo direito mais óbvio e contemplado no CE!

beijo

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