Categorias
Causas Exemplos Imagens Infraestruturas e urbanismo Mobilidade Políticas

Porque é que não se pode usar as pontes sobre o Tejo a pé ou de bicicleta?

Preço para usar a ponte 25 de Abril para atravessar o rio Tejo, para quem anda de carro (fonte):

  • Norte-Sul: gratuito
  • Sul-Norte: 1.60 € a classe 1

Preço para usar a ponte Vasco da Gama para atravessar o rio Tejo, para quem anda de carro (fonte):

  • Norte-Sul: gratuito
  • Sul-Norte: 2.60 € a classe 1

A Transtejo tem alguns ferries a fazer a ligação Cacilhas-Cais do Sodré que transportam automóveis. O preço é o do bilhete do passageiro + bilhete do veículo: 1.20 € + 4.70 € = 5.90 € (a ponte é mais barata).

Quem anda a pé ou de bicicleta não tem forma de atravessar o rio Tejo de forma livre e autónoma. Está sujeito à disponibilidade e condições dos transportes públicos (horários, greves, lotação, etc).

Para atravessar o rio Tejo, quem se desloca a pé ou de bicicleta tem que pagar desde 1.15 € (para Porto-Brandão-Trafaria) a 2.70 € (para o Montijo), se for de barco – a bicicleta viaja gratuitamente, mas está limitada à lotação definida e não é possível reservar previamente (fonte), ou 1.80 €, se for de comboio – a bicicleta viaja gratuitamente (fonte), ou 1.35 €-1.80 € (pelo menos), se for de autocarro (fonte) – a bicicleta só viaja se for um modelo dobrável!

Resumindo, para ir à outra margem e voltar:

    • de carro pago 1.60 €
    • a pé ou de bicicleta sou forçada a usar e depender das condições, rotas e horários do transporte público e pago de 2.30 € a 5.40 €

Sei que noutros países (embora não tenha fontes para indicar agora) algumas pontes incluem acessos independentes para peões e ciclistas. Ou quando esses não existam, há transportes públicos a fazer a ligação gratuitamente. De outra forma, há aqui uma discriminação negativa do contribuinte que opta por modos activos (dado que as pontes não são financiadas apenas pelas portagens).

Resumindo: quando terão os utilizadores de bicicleta força política suficiente para forçar as autoridades portuguesas a abrir as pontes sobre o Tejo ao tráfego não-motorizado?

A ponte 25 de Abril começou com 2 vias em cada sentido, e agora está com 3.

ponte-teste-carga

Se revertermos ao modelo original, sobra espaço para criar um canal para caminhantes e ciclistas (e é sempre um canal livre para acesso de veículos de emergência…). É só querer:

ponte com canal para modos activos

E se alguém se lembrar de dizer que não pode ser porque o trânsito automóvel já é muito elevado e congestionado, eu digo: exactamente por isso é que deve ser reduzida a oferta. Isso vai ajudar a tornar mais competitivas as alternativas: transportes públicos e modos activos, e a reduzir a entrada de automóveis na cidade de Lisboa, que já sofre o suficiente para os acomodar a todos, seja a circular seja a estacionar…

Ainda não se estão a discutir privilégios para quem opta por modos mais sustentáveis, sem as externalidades negativas associadas aos modos motorizados, estamos apenas a falar, para já, de equidade.

Categorias
Infraestruturas e urbanismo Lifestyle e Cultura Mobilidade Políticas Videos

Lisboa a caminho de Bruxelas

É esta a cidade onde queremos viver?

Brussels Express from Sander Vandenbroucke on Vimeo.

Ruidosa, barulhenta, poluída, desagradável, stressante, hostil, e entupida? Quem é que, no seu perfeito juízo, se sujeita a perder horas da sua vida, todos os dias, preso dentro de um carro no pára-arranca, enquanto o stress e o sedentarismo nos destrói a saúde? Estaremos todos loucos?…

Categorias
Anúncios e Campanhas Lifestyle e Cultura Mobilidade Mulheres Pessoas Produtos CaP Videos

Três histórias da estrada

O pendular / activista, a família, o estudante.

E a bicicleta mais fixe, mais cool, mais linda de SEMPRE, uma Xtracycle Surly Big Dummy customizada, toda em rosa! 😀

Querem cena mais linda que esta? Uma mãe, numa longtail rosa, a transportar os dois filhos pequenos, nas voltas de todos os dias. Priceless.

É a minha ambição natural depois disto:

New matching pink Selle An-Atomica saddle

😛 A razão que a Madi deu foi “quem roubaria uma bicicleta cor-de-rosa?”, o que é um bom ponto, mas rosa, sim, porque 1) é divertido e 2) ajuda a lembrar que as bicicletas também são um domínio feminino natural! 😉

Até o apoio de descanso, um fan-tás-ti-co Rolling Jackass, é cor-de-rosa:

Categorias
Crianças e Famílias Exemplos Infraestruturas e urbanismo Lifestyle e Cultura Mobilidade Pessoas Web e outros Media

Mais um testemunho de um ciclista do Parque das Nações

Na sequência destas duas entrevistas, já saiu mais uma:

Mobilidade Suave

joao-bernardino

João Bernardino é o protoganista, nesta 62.ª edição do Notícias do Parque

Dando continuidade a esta rubrica na procura do incentivo para esta comunidade usar mais a mobilidade suave, falámos com João Bernardino que usa a bicicleta e os meios de transporte para se deslocar para o emprego, em Lisboa, demorando, em média, 28 minutos.

Como e porquê surgiu a vontade de usar a bicicleta como meio de transporte, aqui, no PN?
Há alguns anos, quando ainda estudava e apanhava o metro na estação do Oriente, até onde demorava 20 minutos a pé desde casa e os autocarros eram pouco frequentes, ocorreu-me passar a levar a bicicleta e deixá-la perto da estação. Como estacioná-la na rua é bastante perigoso – os relatos de roubos de bicicleta, naquela zona, eram e continuam a ser talvez os mais frequentes em toda a cidade de Lisboa – deixava-a dentro do parque de estacionamento da Gare, onde era tolerada pela segurança (ao contrário do C. Vasco da Gama). Quando comecei a trabalhar, passei a usar o comboio a partir de Moscavide (continuo a morar no lado Norte) e estive anos sem pegar na bicicleta. Até que se juntaram um conjunto de três factores que me levaram a considerar experimentar ir de bicicleta para o trabalho pela primeira vez.
A primeira foi a construção das ciclovias, que oferecem uma percepção de segurança e conforto. Não foi suficiente para tomar a iniciativa, dado que apesar de tudo só cobriam parte do percurso até ao trabalho (que fica na Av. Marquês de Tomar, entre a Av. da República e a Gulbenkian) e pensava eu que ele era demasiado longo e difícil.
A segunda foi o facto de ter sido desafiado por uns amigos para ir passear de bicicleta até Belém (a bicicleta chiava da falta de andamento). Fiquei com noção de que era possível andar de bicicleta em Lisboa. Nessa semana tive que me deslocar, em trabalho, à antiga FIL, que era basicamente o mesmo percurso, e decidi levar a bicicleta.
Finalmente, já entusiasmado com a possibilidade de andar mais de bicicleta, verifiquei que é permitido transportar a bicicleta no comboio, e, no dia seguinte, decidi experimentar. Levei a bicicleta de comboio na ida (mais a subir) e regressei o percurso inteiro a pedalar. Percebi que era mais fácil do que parecia. Nunca mais deixei de o fazer, todos os dias, umas vezes com a ajuda do comboio na ida, outras sem ela. Desde há um ano faço ainda um desvio adicional no percurso para ir deixar o meu filho na creche Saídos da Casca, uma opção muito mais prática do que qualquer outra. Nota-se que ele também gosta bastante da viagem, pela forma como o ouço lá atrás na cadeira a comentar a presença dos pássaros em redor e tudo o resto que vai observando!

Quanto tempo demoras a chegar ao local de trabalho?
Na ida demoro uns 28 minutos, se apanhar o comboio, ou mais 8 do que isso se for o percurso inteiro de bicicleta. No regresso, mais a descer, demoro 28 minutos só a pedalar. Pode-se dizer que tenho uma condição física um pouco acima da média, por isso uma pessoa que esteja na média deveria demorar ligeiramente mais do que isto.
É interessante comparar estes tempos de viagem com os de modos alternativos. Indo de comboio faço a viagem em 40 minutos coordenando a saída de casa ou trabalho com os horários de partida. De carro, em hora de ponta, demora-se pelo menos isto, e com grande incerteza.

Relativamente aos roubos das bicicletas, no PN, que sugestões ou conselhos dás para se contornar essa questão?
Uma bicicleta roubada não é só mau pelo seu valor, mas pela carga emocional negativa que tem. Um utilizador de bicicleta, especialmente se for recente, pode ficar totalmente desmotivado a voltar a pegar numa bicicleta. É essencial proteger bem a bicicleta e para isso não basta um cadeado simples; na internet encontram-se facilmente conselhos úteis sobre as melhores formas de prender uma bicicleta. Por outro lado, num local como Lisboa em que o uso da bicicleta só agora começa a desenvolver-se, as autoridades ainda não estão sensibilizadas para o problema, que é relativamente novo. É necessário que comecem a tê-lo em conta, especialmente em pontos negros como é o caso do Vasco da Gama. Nestes casos o próprio centro comercial deveria preocupar-se com o problema, se quer manter a boa fama. Surpreende-me o facto de continuar a ouvir falar muito de roubos nesse local desde há quase 10 anos e o problema manter-se, mas é um sinal de que a cidade ainda não se habituou a proteger os ciclistas.

De que forma podemos melhorar as condições de modo a fomentar o uso da bicicleta no PN?
Parece-me ser muito fácil melhorar substancialmente as condições sem sequer se ter que gastar dinheiro. Penso que bastava pegar em ruas de hierarquia local e nas vias laterais das grandes avenidas (Alameda dos Oceanos e Av. D. João II) e transformá-las em Zonas 30, ou seja, zonas onde o limite de velocidade seja de 30 km/h. Em cima disso, acrescentam-se placas nos sinais verticais e marcações no chão a informar claramente que são zonas naturais para ciclistas. Os condutores de automóveis, além de moderarem a velocidade nessas zonas, passam a contar claramente com a presença de ciclistas. Os ciclistas passam a sentir que existe um local onde são bem-vindos, sentem-se seguros e começam a aparecer na estrada. Tudo isto, sem se gastar um cêntimo em ciclovias. Claro que estas e outro tipo de arranjos de infra-estrutura tornam-se importantes para ciclistas menos ousados ou para aqueles que, como eu, transportam um filho para a escola ou queiram deixar o filho ir sozinho para a escola de bicicleta. Por falar em ciclovias, é preciso profissionalizar mais quem as faz. Por exemplo, desafio quem chamou ciclovia ao caminho que se destinou a bicicletas na Alameda dos Oceanos que experimente pegar numa bicicleta de cidade ou de estrada (com pneu fino e sem amortecedores) e ande na “ciclovia”, imaginando que iria fazer aquele caminho todos os dias. Uma coisa com aquele tipo de piso desmotiva qualquer ciclista urbano e não deve ser chamada ciclovia. Para terminar, é impressionante como uma estação como a Gare do Oriente, rodeada de milhares de habitantes espalhados por um terreno transversalmente plano, não teve e continua a não ter um parque de estacionamento como deve ser para bicicletas.

Categorias
Exemplos Imagens Lifestyle e Cultura Mobilidade Pedelecs e e-bikes Transportes Públicos

Como poupar dinheiro no carro

«As despesas associadas ao automóvel representam cerca de 18% do orçamento das famílias, em Portugal», segundo esta fonte. E isto será apenas as despesas associadas ao uso, as despesas com prestações da aquisição devem representar outro tanto… Duvida? Faça as contas:

  • Prestações mensais da aquisição
  • Seguros
  • Imposto Único de Circulação
  • Inspecções Periódicas Obrigatórias
  • Combustível
  • Manutenção & reparações
  • Estacionamento (parquímetros, aluguer de garagem ou avença)
  • Portagens
  • Amortização*

* Os automóveis desvalorizam com o tempo. Esta fonte, por exemplo, refere uma desvalorização média de 12 % ao ano. Isto significa que ao fim de 8 anos ninguém lhe dá nada pelo seu carro velho, pelo que ao longo desses 8 anos tem que poupar ou ganhar dinheiro suficiente para, no final, comprar um novo, substituindo assim o bem. Essa poupança mensal necessária virtualmente é um custo escondido da posse de automóvel mas que tem que ser contabilizado.

Esta simulação, por exemplo, deu um valor de 7.900 € de gastos anuais com 1 automóvel. Claro que isto há-de variar muito de carro para carro e de pessoa para pessoa, mas dá uma referência. O Bruno Antunes fez as contas ao seu caso e poupa 230 € por mês, e até fez um simulador para outros fazerem as suas contas. E neste artigo descobriram que a despesa com o carro iguala a despesa com a casa nos primeiros 10 anos do carro!

Uma forma simples de estimar o custo do uso de automóvel próprio é utilizar o valor pago pelo Estado aos seus funcionários em subsídio de viagem quando estes usam o carro particular: 0.40 € / Km. Claro que este será um valor “por baixo” (o Estado, que paga, é que define as regras), e que não incorporará todos os custos da lista anterior (nomeadamente portagens e parquímetros, por exemplo). Para se aproximar mais da realidade, use 0.45 € / Km e adicione depois portagens e parquímetros.

Como poupar dinheiro no carro?

Tem duas hipóteses:

  1. Venda-o (se houver mais que 1 carro no seu agregado familiar, pelo menos venda os outros)
  2. Use-o menos. Use-o melhor.

Mas que alternativas há?

Se o carro é a sua primeira ou única escolha para todas as suas deslocações, independentemente da distância, do propósito, e do contexto, está a fazer uma utilização pouco criteriosa dos seus recursos. É um utilizador monomodal (recorre apenas a 1 forma de transporte), pelo que as ineficiências serão muitas. Torne-se multimodal, e intermodal.

Intermodalidade: conjugar diferentes meios de transporte numa mesma viagem. Exemplo, em vez de ir de carro de Porto Salvo (Oeiras) à Baixa de Lisboa:

  • vou de bicicleta até Paço de Arcos, prendo-a no parque para bicicletas da estação, e vou de comboio até ao Cais do Sodré, e depois vou a pé até ao destino

Multimodalidade: seleccionar um meio de transporte diferente para cada tipo de viagem, consoante as variáveis da mesma. Exemplos:

  • para ir ao supermercado comprar pão e fruta, vou a pé (se necessário levo um trolley de compras);
  • para ir para o trabalho todos os dias vou de autocarro
  • para ir com o meu filho ao parque, vou de bicicleta
  • para ir à terra dos meus pais, na província, com a família, vou de carro
  • para ir ter com alguém ao centro da cidade, vou de scooter

Deixe de comer bife com batatas fritas a todas as refeições, todos os dias. O menu da mobilidade é muito mais alargado:

  • andar a pé
  • andar a pé com acessórios (trolley, patinete, patins,…)
  • bicicleta (normal, dobrável, eléctrica, triciclo, com reboque, de carga, etc)
  • transporte público colectivo (autocarro, metro, comboio, barco, ferry, eléctrico)
  • transporte público individual (táxi, carsharing, bikesharing)
  • ciclomotor (scooters, por exemplo)
  • motociclo
  • automóvel (particular, em regime de carsharing, em regime de carpooling, alugado)

e ainda:

  • mobilidade delegada: entregas ao domicílio, por exemplo
  • mobilidade evitada: teletrabalho, videoconferência, videochamada, etc

Uma dieta saudável e sustentável inclui uma mistura criteriosa destes elementos, consoante as nossas necessidades diárias, sendo que o andar a pé deverá fazer parte, pelo menos parcialmente, de todas as nossas deslocações quotidianas por questões de saúde, bem-estar, socialização e cidadania.

Tudo ao contrário Carrinho cheio para reabastecer a despensa

A seguir, a bicicleta é a ferramenta mais polivalente e flexível, ao permitir a co-modalidade (transportá-la connosco dentro de outro meio de transporte), e ao expandir o alcance e a eficiência da rede de transporte público colectivo conjugando-o com um meio de transporte particular, de rota e horário livres, que faz a ligação do interface de transporte público ao nosso destino final, de forma prática, fiável, eficiente.

Regresso de comboio

Quando e como poderá introduzir a bicicleta nos cenários de intermodalidade e de multimodalidade anteriormente exemplificados, depende de vários factores: onde vive, para onde vai, o que precisa de transportar, quanto tempo tem, quantas voltas precisa de fazer, etc, etc, etc. A bicicleta, tal como o carro, não é a melhor opção para toda e qualquer deslocação. Da mesma forma que dificilmente faz sentido pegar no carro para ir comprar pão ao café a 200 metros, não fará, normalmente, muito sentido pegar na bicicleta para transportar um sofá de três lugares para a outra ponta da cidade.

Os super-poderes da bicicleta

A pedelec (também conhecida por “bicicleta eléctrica”, e-bike ou “bicicleta com assistência eléctrica”)

Kalkhoff Agattu C7 c/ Clarijs

Um exemplo prático. Viagem suburbana Casal da Choca, Porto Salvo (Oeiras) – Jardim da Estrela, Lisboa. Primeira sugestão do Google Maps (carro):


View Larger Map

Porta-a-porta, se eu tivesse garagem em casa ou o carro estacionado gratuitamente à porta, seriam 20 minutos de viagem (17 Km), por cerca de 8 €. Mas isto não é assim para a maioria das pessoas da zona, pelo que de certeza que teria que caminhar entre 5 e 15 min para chegar ao carro. E se o tiver numa garagem, com avença, bom, o custo também não se fica nos 8 €. Além disso, esses 20 minutos é se não houver congestionamentos nenhuns, claro, o que não é, de todo, a regra dentro da cidade… Assim, uma estimativa média mais realista, embora optimista, seriam 40 min por 8 €.

Ajustando o percurso para um não interdito a bicicletas (e sem portagem):


Ver mapa maior

Este mesmo percurso alternativo, em bicicleta (que tem acessíveis alguns atalhos que o carro não tem), fica em 18 Km. Numa pedelec faz-se bem em cerca de 40-55 min, e este tempo é muito pouco afectado pelos congestionamentos, pelo que é um valor fiável. E por um custo inferior a 1 €! Mesmo nas poucas vezes em que conseguimos ter o carro à porta de casa e não sofrermos atrasos com os congestionamentos, optar pela bicicleta permite-nos poupar mais de 7 € por viagem, e por um custo de apenas 20 minutos conseguimos ganhar 40 minutos de exercício físico ligeiro gratuito.

(Neste mesmo percurso, mas de carro, porta-a-porta, se eu tivesse garagem em casa ou o carro estacionado gratuitamente à porta, e sem congestionamentos, seriam 39 minutos de viagem, por cerca de 8.50 €.)

E se por alguma razão der jeito, pode sempre pôr a bicicleta no comboio, algo que não pode fazer com uma scooter, por exemplo.

Pedelecs no comboio

Ah, e ter que levar uma criança entre os 9 meses e os 10 anos de idade para a deixar na escola a caminho, antes de seguir para o trabalho, também não é um impeditivo, basta instalar uma cadeirinha (até duas, uma atrás e outra à frente, fáceis de tirar e deixar na escola, por exemplo):

Kalkhoff Agattu C7 c/ Bobike Maxi+

A bicicleta pedelec tem ainda uma vantagem significativa para quem, como eu, não tem necessidades regulares/fixas, diárias, de transporte [em bicicleta]. Uma pessoa que tenha a oportunidade de usar a bicicleta diariamente, em deslocações pendulares (ou seja, pelo menos 2 viagens / dia), rapidamente ganha um nível de forma física adequado ao percurso que faz habitualmente. Isto é, ao fim de um tempo, fá-lo rapidamente, sem exerção física excessiva e sem transpirar demasiado. Uma pessoa que faça o mesmo (ou outro) percurso com pouca regularidade (tipo 1, 2 ou 3 vezes por semana), não consegue uma adaptação tão eficiente. Nesse caso, uma bicicleta com assistência eléctrica permite-nos não nos desmotivarmos em sair de bicicleta por causa dessa falta de regularidade, mesmo quando o percurso é mais exigente (subidas, trânsito) e/ou longo.

 

A bicicleta dobrável (também conhecida por bicicleta “desdobrável”, “articulada”, “portátil”, e até “desmontável”)

Uma bicicleta articulada, que se pode dobrar de forma a ser transportada como qualquer outra bagagem de mão, permite-lhe tirar maior fiabilidade e eficiência do transporte público.

IMGP7549.JPG IMGP7438.JPG

É mais rápido chegar à paragem ou à estação a pedalar do que a pé (e muitas vezes é mais rápido, e barato, do que ir até lá de carro, se contabilizarmos o tempo e o custo do estacionamento). A bicicleta pode carregar a nossa bagagem, aliviando as nossas costas.

IMGP6562.JPG IMGP6564.JPG IMGP6563.JPG

Quando o transporte público se atrasa ou falha, temos sempre à mão um meio de transporte alternativo, pessoal, capaz. Dobrada, a bicicleta é bagagem, e pode ser levada em todos os transportes públicos sem restrições de horários ou taxas adicionais.

Lugar isolado: perfeito para ciclistas! Escadas rolantes no Metro Lx

Birdy on the boat Mobiky no Metro Lx IMGP7434.JPG

Temos, assim, sempre à mão uma forma autónoma de ligar o ponto A, de partida, ao primeiro interface de TP, transportando depois a bicicleta connosco no comboio/autocarro/barco/etc, e voltar a poder depender dela para a ligação entre o último interface e o nosso ponto de chegada B.

IMGP7431.JPG

As bicicletas dobráveis funcionam bem também com o automóvel. Quando se dirige ao centro da cidade vindo de longe, pode usar o carro para chegar à periferia da cidade, estacioná-lo onde é rápido encontrar lugar livre, e onde este é grátis ou mais barato, sacar da bicicleta do porta-bagagem, e continuar a viagem até ao centro a pedalar, sem preocupações com o trânsito ou com o estacionamento. Um caminho que leva 20 minutos para fazer a pé (ou 20 ou 30 para fazer de carro, contando com o estacionamento), faz-se em menos de 5 minutos de bicicleta, porta[do carro]-a-porta.

Christmas red

De notar ainda que hoje em dia existem bicicletas dobráveis pedelec, juntando o melhor de dois mundos. A falta de espaço de parqueamento em casa ou no trabalho, a orografia, ou a distância, deixam de ser impeditivos reais do uso da bicicleta.

A bicicleta de cauda longa (também conhecida por bicicleta “longtail“, ou bicicleta de carga)

Quando se usa o carro para levar crianças à escola ou simplesmente para as levar a passear ou a outras actividades, arranjar uma alternativa ao carro pode passar por uma longtail.

Uma bicicleta longtail é uma bicicleta com uma traseira alongada (cerca de 40 cm), com uma estabilidade e capacidade de carga expandidas, tornando fácil transportar passageiros, adultos e crianças, e carga volumosa e/ou pesada.

Algo que não se vê todos os dias

Estas bicicletas têm “um porta-bagagem e um banco de passageiros” tal como está habituado no carro. Uma ida ao supermercado com duas crianças não é problema.

P1000150.JPG

Cruising with kids at Yuba HQ

Café Vélo by Cenas a Pedal (12/12/09)

Dar boleia a um amigo também é banal.

Os instrutores!

Transportar 2 crianças atrás e 1 criança à frente também se faz.

Sunday Parkways 09 -50

É sempre possível transportar os filhos depois de eles já não caberem nas cadeirinhas.

Diane Jacobs' Big Dummy

Carga de todas as formas, pesos e feitios também se acomodam bem numa “cauda longa”.

E-Big Dummy at work

All loaded up and ready to roll!

Tralhas arrumadas, é hora de regressar a casa

Uma bicicleta destas substitui facilmente o carro em muitas das deslocações urbanas, com grandes benefícios (combate o sedentarismo, poupa dinheiro, por vezes até poupa tempo, é mais divertido e mais convivial). Se tiver assistência eléctrica, então, torna-se ainda mais versátil e competitiva.

Bicicletas “normais (também conhecidas por “biclas”, “binas”, “gingas”, etc)

Os 3 tipos de bicicleta anteriores são as principais apostas a nível de susbtitutos capazes e versáteis para o 2º (ou mesmo para o 1º) automóvel do seu agregado familiar. Mas há mais opções. Há as bicicletas “normais”. Umas mais equipadas e encorpadas que outras, consoante as necessidades e as preferências pessoais. Ter uma bicicleta leve e rápida dá jeito em algumas situações. O que perde em capacidade de carga e em conforto ganha em velocidade e leveza (bom para acartá-la por escadas, etc).

Mãe & filho na bicicleta & cadeirinha novas

Fixie

Mas como?

Se vender o 2º carro familiar facilmente recupera dinheiro para investir na diversificação da frota ao dispôr do seu agregado, e continua a ter 1 automóvel para as situações que o exijam. Também se pode desfazer do único carro do agregado e recorrer a um serviço de carsharing quando precisar de um carro. Alugar um ou recorrer ao táxi são outras opções. Quando não se tem encargos fixos com um carro, sobra mais dinheiro para estas coisas.

Exemplo daquilo em que pode converter o (1º ou pelo menos os) 2º e 3º automóveis:

  • 1 scooter (desde 1.500 € – 2.000 €)
  • 1 bicicleta citadina simples e light – desde 500 €
  • 1 bicicleta dobrável (rodas pequenas, compacta, elevada portabilidade) – desde 800 €
  • 1 bicicleta pedelec (com motor de assistência eléctrico) – desde 2.000 €
  • 1 bicicleta de cauda longa (pedelec ou não) – desde 1.000 €

E estes são valores para opções de qualidade bem razoável. As opções mais low cost, quando existem, permitem um investimento inicial inferior, mas normalmente implicam custos acrescidos a médio prazo em tudo o que não seja um tipo de utilização ocasional e/ou cedências na performance, no conforto, etc.

O caminho para a libertação das famílias endividadas (ou o caminho para aquelas que querem ter mais dinheiro disponível para coisas interessantes) passa por uma racionalização do recurso ao automóvel particular. Nesse caminho, a bicicleta é a ferramenta mais eficaz. Quantas medidas de redução de custos conhece que lhe ofereçam tantos ganhos indirectos (saúde, bem-estar, prazer, poupança, melhor ambiente, convívio e socialização)? 😉

Para o ajudar na sua transição: